O Hino Nacional

quarta-feira, 24 de março de 2010

Biografia de António José de Almeida

Nascimento: 17 de Julho de 1866
Falecimento: 31 de Outubro de 1929

Um dos mais populares dirigentes do Partido Republicano, desde muito novo manifestou ideias republicanas.

Era ainda aluno de Medicina em Coimbra quando publicou no jornal académico Ultimatum um artigo que ficou famoso, intitulado Bragança, o último, que foi considerado insultuoso para o rei D. Carlos. Defendido por Manuel de Arriaga, acabou condenado a três meses de prisão.

Depois de terminar o curso, em 1895, foi para Angola e posteriormente estabeleceu-se em São Tomé e Príncipe, onde exerceu medicina até 1903. Regressando a Lisboa nesse ano, foi para França onde estagiou em várias clínicas, regressando no ano seguinte. Montou consultório, primeiro na Rua do Ouro, depois no Largo de Camões, entrando então na política activa.

Foi candidato do Partido Republicano em 1905 e 1906, sendo eleito deputado nas segundas eleições realizadas neste ano, em Agosto. Em 1906, em plena Câmara dos Deputados, equilibrando-se em cima duma das carteiras, pede aos soldados, chamados a expulsar os deputados republicanos do Parlamento, a proclamação imediata da república. No ano seguinte adere à Maçonaria.
Os seus discursos inflamados fizeram dele um orador muito popular nos comícios republicanos. Foi preso por ocasião da tentativa revolucionária de Janeiro de 1908, dias antes do assassinato do rei D. Carlos e do príncipe Luís Filipe. Posto em liberdade, continuou a sua acção demolidora pela palavra e pela pena, sobretudo enquanto director do jornal Alma Nacional.

Ministro do Interior do Governo Provisório, foi depois várias vezes ministro e deputado, tendo fundado em Fevereiro de 1912 o partido Evolucionista, que dirigirá, partido republicano moderado organizado em torno do diário República, que tinha criado em Janeiro de 1911, e que também dirigia, opondo-se ao Partido Democrático de Afonso Costa, mas com o qual porém se aliou no governo da União Sagrada, em Março de 1916, ministério de que foi presidente.

Em 6 de Agosto de 1919 foi eleito presidente da República e exerceu o cargo até 5 de Outubro de 1923, sendo o único presidente que até 1926 ocupou o cargo até ao fim do mandato. Nestas funções foi ao Brasil em visita oficial, para participar no centenário da independência da antiga colónia portuguesa. A sua eloquência e a afabilidade do seu trato fizeram daquela visita um êxito notável.

Durante o seu mandato deu-se o levantamento radical que desembocou na Noite sangrenta de 19 de Outubro de 1921, em que foram assassinados, por opositores republicanos, o chefe do governo da altura, António Granjo, assim como Machado Santos e Carlos da Maia. Nomeou 16 governos durante o seu mandato.

Os seus amigos e admiradores levantaram-lhe uma estátua em Lisboa, de autoria do escultor Leopoldo de Almeida e do arquitecto Pardal Monteiro, e coligiram os seus principais artigos e discursos em três volumes, intitulados Quarenta anos de vida literária e política, obra publicada em 1934.

Biografia de João do Canto e Castro

5º Presidente da Republica
Nascimento: 19 de Maio de 1862
Falecimento: 14 de Março de 1934

Alistou-se na marinha como aspirante de marinha em 1881, começando a frequentar o curso da Escola Naval, que concluiu em 1883, com o posto de guarda-marinha. Promovido a segundo-tenente em 1887, realizando uma viagem a Macau, Timor e Moçambique a bordo da canhoneira Zaire, sendo nomeado seu comandante interino em Abril de 1889.

Em 1890 pertenceu à Comissão dos Limites do Congo, sendo agraciado com a ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa. Em Janeiro de 1891 é promovido a primeiro-tenente e colocado na Escola de Alunos Marinheiros, em Lisboa. No ano seguinte é nomeado, por sugestão do almirante Ferreira do Amaral, governador do Distrito de Lourenço Marques, em Moçambique, mas é obrigado a regressar por motivo de doença. Em 1893 transporta João Chagas degredado para Angola, retomando de seguida o governo de Lourenço Marques, que defende dos ataques da população africana revoltada. Recebe por essa acção o colar da Torre e Espada.

Logo de seguida, é nomeado governador do Distrito de Moçamedes, em Angola, cargo que ocupará até 1896. Em 1902 regressa ao mar para comandar canhoneiras, e em Junho de 1910 é promovido a capitão-de-fragata, e nomeado para a Comissão Técnica da Direcção Geral de Marinha. O ministro da marinha do governo provisório da República, nomeia-o comandante da Escola de Marinheiros de Leixões, e chefe do Departamento Marítimo do Norte, sendo elogiado pelo novo regime devido à sua acção aquando das cheias ocorridas na região em Dezembro de 1911.

Em 1913 é comandante do cruzador Adamastor, que foi buscar a Macau, fazendo a viagem por terra, utilizando o transiberiano. Promovido a capitão de mar-e-guerra, é nomeado comandante da Escola Prática de Artilharia Naval, instalada na Fragata D. Fernando.

Em 1918 é nomeado director dos serviços do Estado-Maior Naval, tendo já o posto de contra-almirante, e em 9 de Setembro é escolhido para ministro da Marinha, cargo que aceita pressionado pelos oficiais da Marinha. Devido ao assassinato de Sidónio Pais é eleito Presidente da República pelas duas câmaras do Congresso da República, de acordo com a Constituição de 1911. Durante o seu curto mandato, terá de fazer frente à revolta republicana de Santarém, à proclamação da Monarquia no Norte, à agitação social provocada por um movimento generalizado de greves e à continuada agitação política, que fez com que tivesse nomeado quatro governos durante os cerca de 300 dias em que ocupou o cargo de Presidente da República.

Substituído em 6 de Outubro de 1919 por António José de Almeida, eleito presidente em 6 de Agosto, foi promovido a Almirante em 25 de Outubro. Nomeado Chanceler da Ordem da Torre e Espada e presidente do Conselho Superior de Disciplina da Armada, passou à situação de reforma em 1932.

BIOGRAFIA DE BERNARDINO LUÍS MACHADO

Nasceu no Rio de Janeiro em 28 de Março de 1851, filho de pai português António Luís Machado Guimarães e de mãe brasileira, Praxardes de Sousa Ribeiro Guimarães. A família regressou a Portugal em 1860 e vai viver para uma povoação do concelho de Vila Nova de Famalicão chamada Joanas. O pai receberá o título de 1º Barão de Joanas. Bernardino Machado tinha uma figura aprumada, sempre com o farto bigode e barba bem aparada, que no fim da vida, já muito velhinho, deixava crescer como uma "trepadeira selvagem.”

Ao atingir a maioridade, em 1872, Bernardino Machado optou pela nacionalidade portuguesa. Casou, em 1882, com Alzira Dantas, filha do Conselheiro Miguel Dantas Gonçalves Pereira, e teve dela 18 filhos. A mulher de Bernardino Machado viria a ser uma grande colaboradora em tudo e também na sua vida de estadista. Passou com ele as agruras de dois exílios e, durante a 1ª Grande Guerra, foi presidente da Cruzada da Mulheres Portuguesas, que apoiou activamente o Corpo Expedicionário Português em França. Duas filhas suas também participaram. Ela viria a escrever para os netos, em 1934, um livro de Contos.

Bernardino Machado foi sempre um lutador, sem deixar de ser galante, tirava ochapéu a toda a gente que o cumprimentava. Há inúmeras caricaturas sobre este curioso hábito do 3º Presidente da 1ª República, portuguesa como da sua numerosa prole, que inspirou inúmeros desenhos a Rafael Bordalo Pinheiro e a Francisco Valença, entre outros.


Em 1866 Bernardino Machado matriculou-se na faculdade de Matemática, em Coimbra, e no ano seguinte em Filosofia, tendo-se doutorado com apenas vinte e oito anos nessas duas especialidades. Foi, pois, um aluno brilhante e depois professor.

Deputado do Partido Regenerador entre 1882 e 1886 e Par do Reino em 1890, Ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria, desde Fevereiro a Dezembro de 1893, teve uma acção muito positiva na reformulação do ensino profissional e inovou os sectores da agricultura, comércio e indústria (escreveu mesmo "A Agricultura", em 1899). Desiludido com a Monarquia aderiu ao Partido Republicano Português, em 1903. É a partir desta fase que no seu Partido luta para que este "seja um partido republicano profundamente socialista". No ano seguinte chega ao Directório.

Implantada a República, na qual não participa directamente, será no Governo Provisório Ministro dos Negócios Estrangeiros, por sugestão de Afonso Costa, onde teve uma acção importante no reconhecimento da nova república por parte dos países estrangeiros. Renovou a aliança com a Inglaterra e organizou o primeiro Congresso de Turismo. Amigo do Presidente do Brasil levou a cabo acordos e elevou as Legações no Rio de Janeiro e Lisboa à categoria de Embaixadas, tendo sido o primeiro embaixador de Portugal no Brasil, em 1 de Novembro de 1913.

Bernardino Machado, que aderira à Maçonaria, era já Grão-mestre em Julho de 1895. Primeiro-ministro em 1913, num período de lutas partidárias, vem a ser eleito Presidente da República em 6 de Agosto de 1915. Durante a 1ª Grande Guerra defende a participação de Portugal no conflito. A Alemanha declarou guerra a Portugal em 9 de Março de 1916. Bernardino Machado tentou um acordo de tréguas (uma "União Sagrada") entre os três partidos perante o tão grave período da Guerra, mas sem total sucesso. Foi o general Norton de Matos quem organizou o Corpo Expedicionário cujos contingentes embarcaram para França em Janeiro de 1917. O período em que Bernardino Machado foi Presidente da República foi de grande agitação social. Desde o início da Guerra, em 1914, que começaram a escassear produtos de primeira necessidade. Quase não havia farinha, nem carvão. Lisboa ficou sem eléctricos, sem luz e sem polícia nas ruas depois da 11 horas da noite.

O chefe do Governo era Afonso Costa. E é contra este político que se vão avolumando críticas e ódios. Na sua ausência (de Bernardino Machado), em Londres, um movimento revolucionário liderado por Sidónio Pais, acampou literalmente na Rotunda (hoje Rotunda do Marquês de Pombal) em 5 de Dezembro de 1917 para derrubar o Governo. A população esfomeada aproveitou para assaltar as lojas. Sidónio toma então conta do poder. Demite o Presidente e, quando Afonso Costa regressa do estrangeiro, é preso no Porto. Em Lisboa, a casa de Afonso Costa é saqueada e os móveis lançados à rua. Afonso Costa parte, com familiares, para um exílio de onde nunca mais voltou. Sidónio Pais faz-se eleger Presidente da República, por sufrágio universal, em Abril de 1918 e à revelia da Constituição de 1911. Bernardino Machado recusou resignar à Presidência, mas foi detido no Palácio de Belém durante uns dias. Depois é-lhe imposto o exílio. Parte para França no Natal de 1917, acompanhado de parte da família, onde irá perder uma filha e onde não desiste de lutar pelo retorno à legitimidade da vida política Portuguesa. Regressará em 1919. Foi com grande mágoa que assistiu à implantação do regime que iria abolir os direitos e liberdades pelos quais lutara toda a vida.

Biografia Sidónio Bernardino Cardoso da Silva Pais

Sidónio Bernardino Cardoso da Silva Pais nasceu em Caminha no dia 1 de Maio de 1872. Estudou na Escola Secundária de Viana do Castelo e depois seguiu para Coimbra onde cursou os preparatórios de matemática e filosofia. Em 1888 inscreveu-se no curso da Arma e Artilharia da Escola do Exército, quando terminou voltou à Universidade de Coimbra para fazer a licenciatura em Matemática e doutorou-se no ano de 1898. Foi nesta altura que aderiu aos ideais republicanos.

Embora nunca tenha sido particularmente activo passou a pertencer também à Maçonaria. Foi iniciado na loja Estrela de Alva no número 289 de Coimbra e adoptou o nome simbólico de Carlyle em homenagem a um historiador e escritor escocês, mas a sua actividade maçónica terá terminado logo no ano seguinte.

Depois da Implantação da República em 1910, foi eleito deputado à Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a Constituição Portuguesa de 1911. A 24 de Agosto desse ano foi nomeado Ministro do Fomento do Governo presidido por João Chagas. Com a queda deste Governo, Sidónio Pais transitou para a pasta de Ministro das Finanças exercendo o cargo até 16 de Junho de 1912.

Numa fase em que as tensões internacionais que levaram à Primeira Guerra Mundial já se sentiam, foi nomeado Embaixador de Portugal na Alemanha, e manteve-se no cargo até 9 de Março de 1916, data em que a Alemanha declarou guerra a Portugal na sequência do aprisionamento dos seus navios que se encontravam em portos portugueses.
Após o seu regresso a Portugal, assume-se como figura principal de contestação ao Governo que estava nas mãos do Partido Democrático e encabeça o golpe de estado de 5 de Dezembro de 1917, do qual saiu vitorioso após três dias de duros confrontos.

Sem realizarem a habitual consulta para a formação de novo Governo, os revoltosos assumem o poder, destituindo Bernardino Machado do cargo de Presidente da República e forçando-o ao exílio. No dia 11 Sidónio Pais tomou posse como Presidente do Ministério, acumulando as pastas de Ministro da Guerra e de Ministro dos Negócios Estrangeiros e, já em profunda ruptura com a Constituição Portuguesa, a 27 de Dezembro do mesmo ano, assumiu as funções de Presidente da República. Começou assim um regime ditatorial a que os seus apoiantes designaram de República Nova.

O país continuou atormentado por todo o tipo de problemas. O desaire da Batalha de La lys, em Abril de 1918, em que morreram tantos militares portugueses agravou o descontentamento, mas Sidónio Pais em todo o caso conseguia algum apoio popular por tomar medidas como a distribuição da Sopa dos Pobres e visitar hospitais por ocasião da Gripe Espanhola. No entanto tinha muitos inimigos entre os políticos e os sindicalistas que o consideravam um traidor aos ideais da república.

No dia 5 de Dezembro de 1918 Sidónio Pais sofreu um atentado do qual conseguiu escapar ileso, mas dias depois, a 14 de Dezembro, foi morto a tiro na Estação do Rossio por José Júlio da Costa.




BIOGRAFIA MANUEL ARRIAGA

Manuel José de Arriaga Brum da Silveira, nasceu na cidade da Horta, no dia 8 de Julho de 1840. Era filho de Sebastião de Arriaga Brum da Silveira, oriundo de famílias Aristocráticas, e de Maria Cristina Ramos Caldeira, natural de Lisboa, também descendente de nobre linhagem.

Manuel, o quarto na linha de sucessão, optou muito cedo pela via política. Foi durante o período em que estudava na Universidade de Coimbra para se formar em leis, no contacto com outros estudantes e professores e na leitura de outras formas de pensamento, que aderiu as ideias dos republicanos. Para este jovem loiro e de olhos azuis a quem nada faltava, a opção política veio privá-lo de tudo aquilo que leva tantos outros a seguirem o mesmo caminho, ascensão social, prestígio e fortuna. Manuel de Arriaga perdeu tudo isso. O pai deixou de lhe pagar os estudos e deserdou-o. Manuel de Arriaga teve então de trabalhar, dando lições de inglês para poder continuar o curso.

Este jovem açoriano, calmo e astuto, estava longe de saber que viria a ser o primeiro  Presidente da República Portuguesa. Antes de ocupar a cadeira do poder (que nesse tempo era pouco), Arriaga passou cinquenta anos da sua vida como defensor de uma sociedade mais justa. Em 1876 fez parte do grupo que estudou o plano de reforma da instrução secundária. Foi membro do Directório do Partido Republicano depois de 31 de Dezembro de  1891. Em 1882 foi deputado da minoria republicana. É com fervor que denúncia Irregularidades no Governo, nomeadamente quando o ministro da Fazenda emprestou dos cofres do Estado elevadas quantias a sociedades particulares sem dar conhecimento ao Governo.

Com mais de trinta anos, casa-se com Lucrécia de Brito Barreto Furtado de Melo, de famílias conhecidas da Ilha do Pico. A cerimónia ocorreu numa capelinha perto de Valença do Minho, onde o pai era general e governador da Praça de Valença. Os noivos vão Viver alguns anos em Coimbra onde o Manuel de Arriaga exercia a profissão de Advogado

BIOGRAFIA TEÓFILO BRAGA

Joaquim Teófilo Fernandes Braga, nascido no dia 24 de Fevereiro de 1843, em Ponta Delgada, Portugal.

Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, fixa-se em Lisboa em 1872, onde ensina literatura no Curso Superior de Letras. Da sua carreira literária contam-se as obras de história literária, de etnografia, com algum destaque, para a recolha de contos e canções tradicionais, a poesia, a ficção e filosofia. Na actividade Politica Portuguesa é bastante activo, desde 1878, ano em que concorre a deputado pelos republicanos federalistas. Exerce vários cargos de destaque nas estruturas do Partido Republicano Português. Em 1 de Janeiro de 1910 torna-se membro efectivo do directório político, conjuntamente com Basílio Teles, Eusébio Leão, José Cupertino Ribeiro e José Relvas.

A 28 de Agosto de 1910 é eleito deputado por Lisboa, e em Outubro do mesmo ano torna-se Presidente do Governo Provisório. Onde começou no dia 5 de Outubro do ano de 1910, terminando funções no dia 24 de Agosto de 1911.

A partir de Setembro de 1911, Teófilo Braga viu-se completamente desacompanhado, em consequência do falecimento da sua mulher. Face a estas novas circunstâncias da vida, numa carta dirigida a Joaquim de Araújo, com palavras que lhe definem lapidar a mente, a vocação e a têmpera, volta a ser o antigo estudante solitário.

Volta a ser Presidente substituto, no Ano de 1915, face à demissão de Manuel de Arriaga, governando apenas poucos meses, do dia 29 de Maio a 5 de Agosto de 1915.

Cumprida esta pequena missão presidencial, Teófilo Braga regressou aos seus livros.


















segunda-feira, 22 de março de 2010

Biografia de Manuel Teixeira Gomes

Manuel Teixeira Comes nasceu em Vila Nova de Portimão, em 27 de Maio de 1862, filho de José Líbano Gomes e Maria da Glória Teixeira Comes. Nasceu num meio burguês e rico, numa casa espaçosa e cheia de conforto. Foi educado pelos pais até entrar no colégio de São Luís Gonzaga, em Portimão. Aos 10 anos, os pais mandam-no para um seminário de Coimbra. Depois passa para a Universidade, onde frequenta medicina, mas perde-se na boémia da Lusa Atenas. O pai convenceu-se então que era melhor continuar a dar-lhe a mesada e deixá-lo viver a sua vida de rapaz, já com forte tendência para as artes: literatura, pintura e escultura Seguiu a literatura, mas não deixou de admirar as outras artes, tornando-se amigo de grandes mestres, como Columbano.

Viveu depois uns tempos no Porto, onde conheceu Sampaio Bruno. Ia à padaria do pai dele comer uns bolinhos. É neste período que começa a colaborar em revistas e jornais, entre eles "O Primeiro de Janeiro" e "A Luta" (este de Lisboa). Admirava Fialho de Almeida. O pai era produtor de figos secos e é nessa qualidade que Manuel viaja por países do Mediterrâneo e quase toda a Europa O seu gosto pela arte e cultura literária fazem-no travar conhecimento com nomes importantes da cultura europeia.

Aos 39 anos, Manuel Teixeira Gomes vai amar uma bela jovem algarvia de quem terá duas filhas. Chamava-se Belmira das Neves e nasceu numa família de pescadores, o que, dado o Teixeira Gomes serem uma família importante de Portimão, terá impedido o casamento. Hoje levantam-se vozes sobre as suas orientações afectivas.

Como Teófilo, também Teixeira Gomes marcou mais a literatura do que a política. Em 1899 publica "Inventário de Junho", em 1904 "Agosto Azul" e em 1909 "Gente Singular". Aos 23 anos sente-se mais social-democrata. A sua vida política ao serviço da República começa em 1911 e prolonga-se até 1918, no espinhoso cargo de Ministro dos Estrangeiros em Londres. Em circunstâncias adversas, visto as verbas disponíveis para o seu cargo serem escassas, Manuel Teixeira Gomes paga do seu bolso a um secretário inglês para o ajudar nas tarefas quotidianas.

Fazer com que a nossa velha aliada reconhecesse a jovem e ainda pouco estável República não era tarefa fácil, mesmo para um homem de grande cultura como Manuel Teixeira Comes.
Isto porque a família real britânica se encontrava ligada por laços familiares e amizade à última rainha portuguesa. Amélia, e o último rei, seu filho, D. Manuel II, então exilados no palácio de Richmond. Mas a simpatia e "charme" de Teixeira Gomes eram tais que, ao fim de muitos anos em Londres, já a família real o convidava para o palácio com toda a naturalidade. Esteve no Palácio de Balmoral, na Escócia, e sabe-se que a rainha Alexandra o convidou para lhe decorar o gabinete oriental do Palácio de Buckingham. Quando Sidónio Pais ocupa a Presidência, chama-o a Portugal e de demite-o do cargo, no início de 1918. Então Teixeira Gomes fixa-se novamente no Algarve, como administrador de propriedades. Toda a sua obra literária está repassada de figuras algarvias (é considerado o escritor do Algarve). A primeira namorada era de Ferragudo, personagens suas são de Aljezur ou Bensafrim, "Sabina Freire" é uma viúva de Portimão. De 1919 a 1923 voltará a ocupar o cargo de diplomata em Madrid e Londres.


Manuel Teixeira Comes é uma excepção no panorama dos presidentes da 1ª República. Todas as noites, jogava às cartas com o seu secretário. Resigna ao cargo em 1925 e parte para Bougie, na Argélia, que ele considerava "uma Sintra à beira-mar. Continuou a escrever para a "Seara Nova", para os amigos, talvez para as filhas. Morreu em 1941 e só em Maio de 1950 os seus restos mortais voltaram à pátria. As filhas Ana Rosa Teixeira Comes Calapez e Maria Manuela Teixeira Gomes Pearce de Azevedo estiveram presentes na cerimónia de "regresso".

Eleito presidente da república a 6 de Agosto de 1923, viria a demitir-se das suas funções a 11 de Dezembro de 1925, num contexto de grande perturbação política e social. A sua vontade em dedicar-se exclusivamente à obra literária, foi a sua justificação oficial para a renúncia. A 17 de Dezembro, embarca no paquete holandês "Zeus" rumo a Oran (Argélia) num auto exílio voluntário, sempre em oposição ao regime de Salazar, nunca regressando em vida a Portugal.

Morre em 1941 e só em Outubro de 1950 os seus restos mortais voltaram a Portugal, numa cerimónia que veio a tornar-se provavelmente na mais controversa manifestação popular ocorrida na já então cidade de Portimão nos tempos da ditadura de Salazar, onde estiveram presentes as suas duas filhas, Ana Rosa Teixeira Gomes Calapez e Maria Manuela Teixeira Gomes Pearce de Azevedo.
Deixou uma importante obra literária, integrada na corrente nefelibata e uranista.







Presidentes República 1910-1926

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Obras Bibliográficas

Ficha Bibliográfica
[819619]
A REPUBLICA
A Republica : jornal do povo. - N. 1 (25 Abr. 1848)-n. 8 (20 Jun. 1848). - [Lisboa : s.n.], 1848. - 27 cm. - Título manuscrito, na p. de tít., comum a todos os expoentes : "Escriptos republicanos impressos clandestinamente em Lisboa em 1848" PTBN: RES. 303//6 A.. - Pert manuscrito na p. de tít. comum a todos os expoentes: "Pertence a Jacinto da Silva Mengo. Hoje a bibliotheca nacional de Lisboa" PTBN: RES. 303//6 A.




Ficha Bibliográfica
[253496]
A Revolução de 31 de Janeiro de 1891 / Biblioteca Nacional ; coord. A. H. de Oliveira Marques ; [pref. Maria Leonor Machado de Sousa]. - 1ª ed. - Lisboa : BN, 1991. - 95, [4] p. : il., not. mus. ; 24 cm. - (Biblioteca Nacional. Catálogo ; 33).
ISBN 972-565-090-5






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Ficha Bibliográfica
[819615]
O REPUBLICANO
O republicano. - N. 1 (1848)-n. 5 (1848). - [Lisboa : s.n.], 1848. - 27 cm. - Título manuscrito, na p. de tít., comum a todos os expoentes : "Escriptos republicanos impressos clandestinamente em Lisboa em 1848" PTBN: RES. 303//4 A.. - Pert manuscrito na p. de tít. comum a todos os expoentes: "Pertence a Jacinto da Silva Mengo. Hoje a bibliotheca nacional de Lisboa" PTBN: RES. 303//4 A.                                                                                            

Ficha Bibliográfica
[819618]
A FRATERNIDADEA fraternidade. - N. 1 (1848)-n. 2 (1848). - [Lisboa : s.n.], 1848. - 27 cm. - Título manuscrito, na p. de tít., comum a todos os expoentes : "Escriptos republicanos impressos clandestinamente em Lisboa em 1848" PTBN: RES. 303//5 A.. - Pert manuscrito na p. de tít. comum a todos os expoentes: "Pertence a Jacinto da Silva Mengo. Hoje a bibliotheca nacional de Lisboa" PTBN: RES. 303//5 A.


Fonte: Biblioteca Nacional Digital

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Breve História Hino Nacional

Se a Bandeira Nacional é um símbolo visível, o Hino Nacional constitui a exteriorização musical que proclama e simboliza a Nação.

Só a partir do século XIX os povos da Europa criaram o uso de cantar os hinos, quando um movimento de opinião levou a que cada estado estabelecesse uma composição, com letra e música que fosse representativa e oficial. Até então os povos e os exércitos conheciam apenas os cantos e os toques guerreiros próprios de cada corpo e as canções relativas aos acontecimentos dignos de memória.

Durante a Monarquia, o ideário da Nação Portuguesa estava consubstanciado no poder do rei. Não havia a noção de um hino nacional, e por isso as peças musicais com carácter público ou oficial identificavam-se com o monarca reinante.

Neste contexto, ainda em 1826, em Portugal era considerado como hino oficial o Hymno Patriótico, da autoria de António Marcos Portugal.

Este hino inspirava-se na parte final da cantata La Speranza o sia l'Augurio Felice, composta e oferecida pelo autor ao Príncipe Regente D. João quando este estava retirado com a Corte no Brasil, e que foi representada no Teatro de São Carlos em Lisboa, a 13 de Maio de 1809 paracelebrar o seu aniversário natalício.A poesia do Hymno Patriótico teve diferentes versões face às circunstâncias e aos acontecimentos da época, tornando-se naturalmente generalizada e nacional pelo agrado da sua expressão marcial, que estimulava os ânimos aos Portugueses, convidando-os à continuação de acções heróicas. Com o regresso do Rei ao País, em 1821, o mesmo autor dedicou-lhe um poema que, sendo cantado com a música do Hino, rapidamente se divulgou e passou a ser entoado solenemente. Entretanto, na sequência da revolução de 1820, foi aprovada em 22 de Setembro de 1822 a primeira Constituição Liberal Portuguesa, que foi jurada por D. João VI. D. Pedro, então Príncipe Regente no Brasil, compôs o Hymno Imperial e Constitucional, dedicado à Constituição.

Após a morte do Rei, e com a subida de D. Pedro IV ao trono, este outorgou aos portugueses uma Carta Constitucional. O hino de sua autoria generalizou-se com a denominação oficial de Hymno da Carta, tendo sido considerado oficialmente como Hymno Nacional e por isso obrigatório em todas as solenidades públicas, a partir de Maio de 1834.

Com a música do Hymno da Carta compuseram-se variadas obras de natureza popular (modas) ou dedicadas a acontecimentos e personalidades de relevo, identificando-se em pleno com a vida política e social dos últimos setenta anos da Monarquia em Portugal.

Nos finais do século XIX, A Portuguesa, marcha vibrante e arrebatadora, de forte expressão patriótica, pela afirmação de independência que representa e pelo entusiasmo que desperta, tornara-se, naturalmente e por mérito próprio, um consagrado símbolo nacional, na sua versão completa:

I
Heróis do mar, nobre Povo,
Nação valente, imortal
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

II
Desfralda a invicta Bandeira,
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira:
Portugal não pereceu
Beija o solo teu jucundo
O Oceano, a rugir d'amor,
E o teu braço vencedor
Deu mundos novos ao Mundo!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

III
Saudai o Sol que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal de ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte.

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!


Porém, o Hino, que fora concebido para unir os Portugueses em redor de um sentimento comum, pelo facto de ter sido cantado pelos revolucionários de 31 de Janeiro de 1891, foi desconsiderado pelos monárquicos e proibida a sua execução em actos oficiais e solenes.

Quando da implantação da República em 1910 A Portuguesa aflora espontaneamente de novo à voz popular, tendo sido tocada e cantada nas ruas de Lisboa.

A mesma Assembleia Constituinte de 19 de Junho de 1911, que aprovou a Bandeira Nacional, proclamou A Portuguesa como Hino Nacional.

Era assim oficializada a composição de Alfredo Keil e Henrique Lopes de Mendonça que, numa feliz e extraordinária aliança de música e poesia, respectivamente, conseguira interpretar em 1890, com elevado sucesso, o sentimento patriótico de revolta contra o Ultimato que a Inglaterra, em termos arrogantes e humilhantes, impusera a Portugal.

Em 1956, constatando-se a existência de algumas variantes do Hino, não só na linha melódica, como até nas instrumentações, especialmente para banda, o Governo nomeou uma comissão encarregada de estudar a versão oficial de A Portuguesa, a qual elaborou uma proposta que, aprovada em Conselho de Ministros em 16 de Julho de 1957, é a que actualmente está em vigor.


O Hino é executado oficialmente em cerimónias nacionais civis e militares onde é rendida homenagem à Pátria, à Bandeira Nacional ou ao Presidente da República. Também, quando se trata de saudar oficialmente em território nacional um chefe de Estado estrangeiro, a sua execução é obrigatória, depois de ouvido o hino do país representado.
Fonte: http://jorgesampaio.arquivo.presidencia.pt/pt/republica/simbolos/hinoant.html

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Implantação República 1910




fonte: www.youtube.com

O Dia 5 de Outubro 1910


fonte: www.dailymotion.com

I República 1910-1926


Fonte: www.dailymotion.com

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

OS ULTIMOS REIS DE PORTUGAL

A monarquia portuguesa chegou ao fim em 5 de Outubro de 1910 não tanto por incapacidade régia para governar, mas sobretudo devido ao sistema rotativista de governo, em que dois partidos políticos, o Regenerador e o Histórico, alternavam na direcção dos negócios de Portugal.
Os reinados da 2ª metade do século XIX foram razoavelmente estáveis, com algum desenvolvimento económico e prosperidade. Mas, o enriquecimento de uma parte da burguesia portuguesa não conduziu a uma melhoria generalizada do nível de vida da população portuguesa que, para fugir aos problemas sociais, emigrava.
Tal acalmia termina, porém nos anos 90, com a subida ao poder do rei D. Carlos, em 1889 inicia-se um período conturbado, marcado por uma intensa crise política, económica e financeira.
Em Janeiro de 1890 a Grã-Bretanha envia um Ultimato, nele obriga Portugal a renunciar a um vasto território entre Angola e Moçambique. O país indigna-se contra a Grã-Bretanha, a monarquia e o rei D. Carlos. Por todo o lado estalam manifestações e tumultos, acusa-se a monarquia de não ter cuidado dos nossos interesses ultramarinos. Os ideais republicanos e socialistas, que vinham já a ter crescentes adeptos a partir dos anos 70, vêem a sua preponderância aumentar. Em 31 de Janeiro de 1891 dá-se, no Porto, a primeira revolta republicana.
Paralelamente desenvolve-se a nível internacional, uma crise económica e financeira. As consequências são graves: depreciação da moeda, falência de bancos, contracção do investimento e aumento da dívida pública. Até 1892 os governos sucedem-se, mas a monarquia ainda não sairá vencida.

DOCUMENTÁRIO SOBRE A VIDA E MORTE DO REI D.CARLOS

No início do novo século, são cada vez mais notórias as divergências entre os chefes políticos. Nas cortes acusam-se mutuamente de corrupção e ineficácia. Dos insultos mútuos, entre partidos monárquicos, aproveita o Partido Republicano.
Em 1906, em plena crise, D. Carlos chama João Franco para constituir um novo governo. Inicialmente governando de acordo com a Constituição, rapidamente estabeleceu uma Ditadura que levou o rei a dissolver as cortes.
Paralelamente, vem ao conhecimento público que a família real tinha recebido, de sucessivos governos, adiantamentos de dinheiro. Esta questão virá a gerar uma violentíssima campanha contra a monarquia. O país mergulha num período de agitação, encarada pelo governo com violência e repressão.
Em Janeiro de 1908 houve uma nova tentativa de revolução pelos republicanos, que foi sufocada à nascença. Contudo, logo depois, o rei acabará assassinado a 1 de Fevereiro do mesmo ano, juntamente com o príncipe herdeiro.
Sobe, ainda ao poder, o segundo filho do monarca que procura dar resposta às reivindicações do país, mas o seu reinado será de curta duração. Em 5 de Outubro de 1910 a revolução republicana triunfa e D. Manuel II parte para Inglaterra.

DOCUMENTÁRIO SOBRE O ÚLTIMO REI DE PORTUGAL D.MANUEL II








Fonte:www.youtube.com